COMO PLANEJAR SEU DATA CENTER – Parte 1

Na era da hiperconvergência – onde os dados são o novo petróleo – toda empresa com operações de TI robustas chegará ao momento de planejar seu Data Center corporativo.

Não há como escapar dessa realidade. E o motivo é simples: de acordo com uma pesquisa da IDC/Seagate, até 2025 o mundo produzirá 175 zetabytes de dados!

Para você ter uma ideia do que isso significa, vale lembrar que um zetabyte (ZB) corresponde a um trilhão de gigabytes (GB).

Agora multiplique isso por 175 e coloque todos esses dados em discos blu-ray. Pronto: você terá uma “uma pilha de discos que pode levá-lo à lua 23 vezes” – disse David Reinsel, presidente sênior da IDC.

.  A impressionante quantidade de dados que geramos diariamente transita por três diferentes esferas de armazenamento.

  • No centro delas está o Data Center, que concentra a maior parte do bolo.
  • Na segunda esfera estão as antenas de sinal de celular ou prestadoras de serviços.
  • E na terceira, terminais como o seu computador, o meu celular e outros dispositivos de IOT (Internet das Coisas).

Para a IDC, nos próximos anos haverá um crescimento exponencial de dados em nuvem. E este será suportado pelo núcleo, o Data Center.

As empresas tenderão a centralizar o gerenciamento e a entrega de dados, aproveitando-os como nunca para direcionar os rumos de seus negócios e aprimorar a experiência de seus usuários.

E o Data Center será cada vez mais essencial para armazenar informações ou sistemas operacionais corporativos de modo seguro, com arquitetura de processamento e transmissão hiperveloz e eficiente.

Isso significa que, cedo ou tarde, você terá que fazer a seguinte pergunta…

 

Como planejar um Data Center corporativo?

 

De acordo com o INEXTI (indicador de excelência em tecnologia e inovação lançado pela Oi /IDC-Brasil em 2021), 80% das empresas brasileiras utilizam um Data Center para realizar suas operações de TI.

O grande problema para as corporações é que planejar a construção de um Data Center próprio pode ser uma tarefa desafiadora.

Isso porque construir um Data Center envolve desde os planos de negócios e perspectivas de crescimento da empresa até a gestão de uma atividade que, para muitos, é totalmente nova.

Afinal, podemos até estar acostumados a lidar com equipes de obras civis. Mas dificilmente entendemos onde passar cabos de fibra ótica ou como organizar uma rede de comunicação spine-leaf.

Você saberia coordenar a instalação de um sistema de climatização de precisão com corredores de ar frio e quente? Proteger servidores ultravelozes em racks de alta densidade? Centralizar toda a gestão do Data Center em um só monitor, acessado no sofá de casa pela tela do Smartphone?

 

Mas calma!

 

Como tudo na “era dos dados”, desafios do tipo implantar um Data Center representam enormes oportunidades de crescimento sustentado e preparado para o futuro.

E o que é melhor: para lidar com dados, a melhor arma é… mais dados.

Por isso preparamos este guia completo com 10 dicas de ouro para você organizar o planejamento do seu Data Center corporativo de forma muito tranquila e eficiente.

Aqui você vai encontrar todos os dados que precisa para entender:

 

  • Como planejar as equipes da empresa que cuidarão da construção do Data Center?
  • Os requisitos que você precisa conhecer para definir o tamanho, o tipo de arquitetura, redundância e segurança do Data Center.
  • Considerações críticas de design e melhores práticas na instalação de um Data Center próprio.
  • Quais são os fatores que entram no custo total do projeto, relacionados ao nível de segurança e redundância almejados?
  • O que considerar na escolha do fornecedor que fará o projeto e a instalação do centro de dados?
  • Como gerenciar todo o planejamento para construir um Data Center à prova de zetabytes? Vamos às dicas!

 

1. Defina o papel dos stakeholders

 

Construir um Data Center próprio, de posse da empresa, é um projeto de grande escala.

Por isso, a primeira dica de ouro é: comece o planejamento do Data Center definindo gerentes de projeto com papeis claros. Os gestores devem ser selecionados cuidadosamente por todos os stakeholders.

Empresas que não possuem em seus quadros um departamento de TI capaz de coordenar o planejamento do seu Data Center podem considerar a contratação de um consultor especializado para essa tarefa.

O gestor do projeto terá a missão de compreender e acompanhar todas as fases do planejamento e construção do Data Center junto à empresa de engenharia que executará o projeto.

 

2. Avalie suas necessidades de negócios x crescimento de TI

 

Um Data Center corporativo deve ser projetado para suportar o crescimento da empresa. Do contrário, terá que passar por atualizações em menos de uma década.

Por isso, é muito importante que o planejamento do Data Center parta da avaliação das necessidades de negócios, metas de desempenho e tendências da corporação.

A dica de ouro para evitar erros graves é não centralizar o planejamento do Data Center apenas no custo por m² ou no nível de segurança.

E sim adotar uma metodologia onde o nível de redundância, a escalabilidade da infraestrutura e o tamanho total da instalação sejam proporcionais às estimativas de crescimento atual e futuro da corporação.

Portanto, a metodologia de planejamento do Data Center ideal é baseada em escalabilidade e na flexibilidade. Isso evitará o uso desnecessário de capital na construção, bem como altas despesas operacionais no futuro.

 

3. Planeje o nível de redundância e tolerância a falhas que seu Data Center precisa ter

 

Quando falamos em redundância e tolerância a falhas, entramos no terreno da infraestrutura de segurança que o Data Center terá para permanecer sempre em operação, garantindo que a empresa tenha acesso contínuo aos seus dados.

A redundância é a repetição de equipamentos essenciais, como geradores e nobreaks. Ela garante que, se o componente principal falhar, o equipamento backup assumirá sua função sem interromper o funcionamento do Data Center.

Nesse sentido, o Data Center de sua empresa poderá ter várias camadas de redundância ou “Tiers” que refletem o nível de tolerância a falhas.  

Na classificação Tier, um Data Center Tier 4 possui mais camadas de redundância e é mais seguro contra indisponibilidades do que um Tier 3, Tier 2 ou Tier1.

Essa segurança é fundamental para as empresas porque as paralisações não programadas – os chamados “downtimes” – geram enormes custos.

De acordo com uma pesquisa da Vertiv/ Ponemon, um minuto de paralisação de um Data Center pode custar 5.600 mil dólares.

Quanto mais seguro um Data Centers for, mais camadas ele terá e menor será seu tempo anual de indisponibilidade.

Veja como funciona a relação entre as “Tiers” e o tempo de disponibilidade que um Data Center deve ter segundo a classificação Tier do Uptime Institute, amplamente utilizada em todo o mundo.

 

No entanto, quanto mais camadas, maior o custo de construção e manutenção do Data Center. Por isso, você deve planejar seu Data Center com o nível de disponibilidade ideal para o seu negócio.

 

A dica de ouro é…

 

Planejar seu Data Center corporativo com uma infraestrutura escalável, que permita ampliar a redundância acrescentando camadas conforme novas necessidades da empresa forem surgindo.

Se o seu Data Center tiver uma infraestrutura escalável, você poderá mesclar níveis de redundância criando, por exemplo:

  • uma área Tier 2 para equipamentos menos críticos
  • e uma área de redundância Tier 3 para os setores mais sensíveis, como fornecimento de energia e climatização.

Adotando essa estratégia, o fornecedor contratado por você poderá projetar o Data Center com economia de custos e maior eficiência energética. Ou seja, sem equipamentos ociosos consumindo energia desnecessariamente.

 

Como definir o nível certo de redundância e tolerância a falhas?

 

Regra geral, o nível de redundância e tolerância a falhas é projetado de acordo com a criticidade das operações do Data Center.

Empresas que dependem totalmente das informações e dos sistemas de operação armazenados no Data Center deveriam apostar em infraestruturas com redundância Tier 3 ou Tier 4.

É o caso, por exemplo, de instituições financeiras e operadoras de serviços públicos. Elas precisam de Data Centers capazes de suportar um tráfego intenso de informações e garantir o acesso a dados 24 horas por dia, 7 dias por semana, 465 dias por ano.

Já para outros tipos de organizações, como universidades ou empresas com menor dependência de dados em tempo real, um nível de redundância e tolerância a falhas mais baixa é aceitável.

A definição adequada no nível de redundância e tolerância a falhas será fundamental para evitar gastos excessivos em seu projeto.

Outra dica valiosa é prever o custo que sua empresa teria por tempo de inatividade do Data Center e compará-lo ao investimento em um nível mais alto de redundância.

Essa estratégia permite estimar se o tempo de inatividade previsto para um Tier 1, por exemplo, compensaria o custo de posse de um Data Center Tier 3 ou Tier 4.

 

→ Saiba mais sobre os diferentes níveis de redundância em nosso post completo sobre Data Centers Tier 3 e Tier 4.

 

4. Projete a arquitetura de seu Data Center

 

Somente após definir o nível de redundância é indicado que você estabeleça os critérios de design da infraestrutura e as características de desempenho que serão necessários ao funcionamento do Data Center da sua empresa.

 

Dica de ouro:

 

Com as rápidas evoluções na tecnologia dos servidores e na quantidade de dados gerados e administrados pelas empresas, é cada vez mais recomendada a adoção das arquiteturas de Data Center escalonáveis e modulares.

As arquiteturas modulares permitem planejar um Data Center com alta escalabilidade e flexível às mudanças.

Isso significa que a infraestrutura do Data Center pode ser projetada para que módulos de energia, climatização ou racks de processamento de dados sejam incorporados ao Data Center conforme as necessidades forem surgindo.

 

Planejando crescimento modular com flexibilidade

 

Se a arquitetura do seu Data Center por projetada para ter alta escalabilidade, sua empresa terá flexibilidade para aumentar a capacidade de processamento sem preocupações.

Apostar numa arquitetura escalável – com todas as sobras necessárias de energia, climatização, infraestrutura elétrica e de comunicação – significa estar preparado para mudar. E o que pode mudar num Data Center corporativo?

 

Prevendo a mudança

 

As alterações que poderão afetar seu Data Center com o passar dos anos costumam envolver:

  • Mudanças planejadas ou inesperadas no rumo da empresa. Elas podem exigir muito mais capacidade de processamento de uma hora para outra.
  • Isso acarretará atualizações de equipamentos e processadores.
  • Expansões com alterações de layout.
  • Novos requisitos de redundância.
  • Com isso, aumento de cargas de energia.
  • E novas demandas em climatização.
  • Adaptação a novos regulamentos e procedimentos operacionais.
  • Alterações de espaço físico ou densidade para comportar as mudanças.

Se você planejar o Data Center da sua empresa com flexibilidade e escalabilidade em todos esses aspectos da infraestrutura, significa que poderá acrescentar módulos de equipamentos conforme eles forem necessários.

Isso representa organização e economia financeira, pois o crescimento modular evita que estruturas com folga tenham equipamentos ociosos trabalhando no vazio.

 

 Mas como saber quais serão as necessidades futuras da empresa?

 

Como é muito difícil ter uma bola de cristal para adivinhar o futuro num mundo tão dinâmico, prepare seu Data Center para a escalabilidade apostando em aspectos essenciais.

1. Fonte de energia: certifique-se de que o projeto do seu Data Center inclui o sistema de UPS (Uninterruptible Power Supply) modular. Ou seja, que módulos de fornecimento de energia ininterrupta possam ser acrescentados sem paralisar o Data Center.

2. Distribuição elétrica: planeje seu Data Center com sistemas de distribuição de entrada e saída superdimensionados para  comportar mudanças em aspectos básicos de construção. A “sobra” de infraestrutura elétrica não costuma gerar impacto muito relevante sobre o custo de construção.

3. Construa o Data Center com altura suficiente para ter piso elevado e forro rebaixado. Ter pé-direito alto é importante para  criar corredores de ar quente/frio na climatização. Isso poderá ser bem importante se houver aumento expressivo na densidade de racks.

4. Se isso não for possível, aposte em um projeto de Data Center que permita a implementação flexível (ou seja, sem paralisar as operações) de outras soluções personalizadas de resfriamento.

→ Neste post aqui você pode conhecer as soluções de climatização de precisão mais utilizadas em Data Centers.

 A seguir, você saberá com planejar a climatização e o fornecimento de energia dentro de uma arquitetura modular que permita flexibilidade e alta escalabilidade.

 

5. Estime capacidade x energia e climatização

 

Data Centers corporativos precisam ser planejados para suportar o aumento contínuo da capacidade de processamento e armazenagem de dados.

E isso quase sempre significa concentrar maior número de processadores no mesmo espaço físico. É o que chamamos de “aumentar a densidade dos racks” que abrigam os processadores.

A dica de ouro aqui é estimar os requisitos de energia e o espaço necessário para abrigar os processadores do Data Center a partir de um rack.

Ou seja: cada rack refletirá o total das demandas de energia, espaço, climatização e peso.

É recomendado que o projeto considere nesse cálculo uma média de 4 kW (quilowatt de energia) por rack.

Se o cálculo dessas demandas de espaço, energia e climatização for feito por m² de área e não por rack, pode haver falhas em relação à densidade de racks.

Isso significa que, no futuro, se novos processadores forem acrescentados ou se esses equipamentos ganharem potência, o sistema de backup poderá não comportar o consumo de energia.

Além disso, pontos quentes poderão ser gerados, afetando a climatização global do Data Center.

Portanto, planejar espaço, energia e climatização por rack, e não por m², é uma boa estratégia para evitar que a infraestrutura elétrica e de climatização se tornem prematuramente obsoletas, exigindo acréscimos ao longo dos anos.

 

Como planejar o crescimento do Data Center levando em conta energia e climatização?

 

É certo que, ao planejar seu Data Center, você precisará projetar uma infraestrutura com folga de energia para incrementar a  capacidade de processamento e a climatização.

Um dos pontos fundamentais nessa fase do planejamento é a determinação da potência que o Data Center necessitará para o fornecimento de energia. Ou seja:

  • Quantos quilowatts por rack serão necessários?
  • Como serão o sistema UPS e o gerador de energia backup necessários para abastecer a infraestrutura toda prevendo o crescimento modular?

Como gestor do projeto, você terá que discutir isso muito bem com o fornecedor que realizará a obra.

“A previsão de watts de energia por rack é feita de modo a garantir uma folga de suprimento para o crescimento escalável do Data Center pelos próximos anos.

Mas isso deve ser projetado sem exageros que possam gerar desperdício de capital na execução do projeto, garantindo o ROI do cliente” – explica Claudenir de Oliveira, diretor executivo da Zeittec Data Center Solutions.

E de que forma projetar a energia adicional para o crescimento de demanda inerente a servidores modernos (como blades e storages) sem superdimensionar a capacidade elétrica do Data Center?

 

Dica de ouro:

 

O Gartner – empresa de consultoria que desenvolve tecnologias – recomenda que o Data Center seja projetado para dobrar sua capacidade energética, indo de 50 watts a 100 watts por pé quadrado nas áreas de piso elevado.

Dessa forma, a capacidade incremental pode ser adicionada de forma modular, garantido ótima flexibilidade ao crescimento do Data Center.

Nas reuniões com a empresa que projetará seu Data Center, considere também ampliar o espaço entre os racks para melhorar o fluxo de ar e reduzir pontos quentes.

Para isso, é necessário avaliar se o aumento de espaço compensa a energia no custo total da instalação. Estima-se que os custos de energia são quatro a cinco vezes o custo do espaço em um Data Center.

 

Controle o calor distribuindo bem os racks

 

Concentrar o processamento em poucos racks para reduzir o espaço do Data Center pode trazer outro problema: a criação de pontos de calor.

Esses pontos exigem um resfriamento extra, o que gera alta demanda de energia por racks, elevando os custos elétricos do Data Center.

Nesse sentido, a dica de ouro é evitar a concentração dos racks de alta densidade, distribuindo-os ao longo do layout do Data Center.

Essa estratégia de mesclar racks de alta com baixa densidade atenua a criação de pontos de calor, exigindo menos da climatização.

 

Mais dicas de ouro no próximo post!

 

Até aqui você viu que o Data Center corporativo terá um papel cada vez mais central na gestão de dados das empresas.

E conheceu estratégias excelentes para planejar a potência e o nível de redundância do seu Data Center.

Como dissemos lá no início, trafegar em alta velocidade na “era dos dados” exige o novo petróleo. Ou seja: mais dados. E por isso  trouxemos muitas informações que vão te ajudar a planejar, junto à empresa de engenharia que realizará o projeto, um Data Center com design escalável e alta flexibilidade para resistir às mudanças.

Mas não é só. Na parte 2 do nosso guia de planejamento de Data Centers corporativos você vai saber:

  • Como dimensionar os subsistemas do Data da sua empresa
  • Estratégias para escolher bem o local da construção do Data Center conforme o tipo de infraestrutura escolhido.
  • Dicas de ouro para calcular o custo real do Data Center, de modo a atender às expectativas de ROI da sua corporação.
  • Por que a comunicação será essencial em todas as etapas do planejamento.
  • O que considerar na hora de escolher a empresa de engenharia certa para realizar seu Data Center corporativo.

 

Clique aqui e continue lendo as dicas de ouro na segunda parte do nosso guia de como planejar um Data Center para empresas com sucesso! Até lá!

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