SALAS-COFRE: o que são e como são certificadas em acordo à ABNT 15247?

As salas-cofre são ambientes de alta segurança construídos com materiais capazes de resistir a incêndios, protegendo tudo o que está em seu interior de fogo, calor, fumaça, umidade ou mesmo da queda de escombros.

Para suportar cenários desse tipo, esses “cofres de dados” possuem paredes cortafogo certificadas em acordo a normas como a ABNT NBR 15247 (brasileira) e a EN 1047-2 (europeia).

São células autoportantes e totalmente herméticas feitas de painéis de aço revestidos com mantas isolantes e pintura que retarda as chamas. Como possuem infraestrutura modular, são montadas rapidamente e podem ser ampliadas ou remanejadas.

Em Data Centers do tipo sala-cofre, essas células autoportantes – que são como cofres de aço – são envolvidas pelas paredes da edificação. Ou seja, as salas-cofre são salas de aço dentro de salas de alvenaria.

Essa infraestrutura, extremamente resistente a altas temperaturas, é feita para proteger os dados e sistemas de hardware mais sensíveis ao calor e umidade.

 

 

sala-cofre

 

A alta proteção de uma sala-cofre

 

As salas-cofre podem estar dentro de um edifício em chamas por uma hora. Nesse período, a temperatura do lado de fora pode chegar perto de 1000°C, danificando a edificação. Mas o interior do cofre permanece intacto, com temperatura abaixo do limite que hardwares podem suportar sem sofrer danos.

Para entregar esse alto padrão de segurança, as salas-cofre certificadas passam por um teste de resistência ao fogo onde um protótipo é incendiado e depois resfriado dentro de um forno de testes, simulando uma situação real de incêndio.

No final do ensaio, o protótipo deve manter sua integridade, demonstrando a capacidade de isolar a temperatura e proteger os equipamentos e dados guardados em seu interior contra o calor e a umidade.

Alguns tipos de sala-cofre também são avaliados quanto à sua resistência a impactos, oferecendo proteção certificada contra choques mecânicos causados por desabamentos ou a queda de algum componente da edificação.

Veja como são feitos, passo a passo, os ensaios de resistência a fogo e impactos estabelecidos pela ABNT 15247, a norma mais utilizada para certificar salas-cofre no Brasil.

 

 

Como é a certificação da ABNT 15247 para salas-cofre?

 

 

Resumidamente, a certificação da sala-cofre é feita instalando-se, dentro de um grande forno, um corpo de provas que é o protótipo exato do cofre. Pode ser um pouco menor, mas é feito com os mesmos materiais, espessura de paredes, projeto e design.

Durante os testes estabelecidos pela norma ABNT  15247, especialistas analisam o aumento e o resfriamento da temperatura, bem como a máxima elevação de umidade no interior do corpo de provas durante todo o ensaio.

Portanto, o foco é avaliar o comportamento de um protótipo da sala-cofre submetido aos efeitos do fogo, e não sua resistência a alagamentos, gases tóxicos ou interferências eletromagnéticas, como muitos pensam.

A certificação é uma garantia de que você irá instalar em sua empresa um ambiente testado e aprovado para entregar máxima proteção contra chamas, calor, umidade e, nas salas-cofre tipo B, impactos mecânicos, protegendo dados e equipamentos contra os efeitos de um incêndio.

Mas, assim como acontece com as salas seguras certificadas, que também são Data Centers com alta proteção contra incêndios, as salas-cofre podem ter certificações complementares que elevam a segurança contra catástrofes e situações de alto risco, como veremos adiante.

Devido à criticidade dos ambientes de TI, o ideal é que as salas-cofre sejam certificadas por organismos acreditados pelo Inmetro, e não por auditores independentes.

Os testes de certificação da norma variam de acordo com o tipo de sala-cofre que a sua empresa irá instalar. Confira quais são eles!

 

Tipos de Salas-Cofre

 

A ABNT 15247 classifica as salas-cofre em A e B. A sala-cofre tipo A passa pelos testes de resistência a fogo.

Mas no tipo B, os ensaios da norma avaliam ainda se o protótipo é capaz de se manter íntegro depois de receber um impacto mecânico, garantindo maior segurança aos equipamentos críticos do Data Center em caso de incêndios com queda de escombros.

Entenda melhor as características das salas-cofre A e B!

 

Sala-cofre tipo A

 

No teste de resistência a fogo da ABNT 15247, as salas-cofre tipo A e B devem suportar uma hora de fogo dentro um forno onde as temperaturas ultrapassam os 900 graus Célsius.

No final desse período, precisam estar íntegras, sem defeitos, trincas, deformações ou rachaduras que comprometam sua estabilidade.

Além disso, precisam terminar o teste com uma temperatura máxima de 70°C em seu interior e umidade máxima de 85%.

São essas as características que garantirão que a sala-cofre oferecerá um ambiente de máxima proteção dos dados e equipamentos do Data Center contra chamas, gases e umidade.

 

Mas não é só!

 

 

Pense na sala-cofre tipo A como um grande cofre de aço instalado dentro de uma sala num prédio de alvenaria. Durante um incêndio, as paredes e o teto dessa construção poderiam desabar sobre a sala-cofre.

Por isso, de acordo com a ABNT 15247, a sala-cofre tipo A precisa ser instalada em um ambiente com paredes e teto capazes de oferecer integridade e isolamento térmico, resistindo a fogo durante uma hora e meia.

Para comprovar essa capacidade, o material utilizado para construir a infraestrutura em torno da sala-cofre passa pelos testes de resistência a fogo da norma ABNT 10636 (a mesma utilizada na certificação de salas seguras.

Modo prático, a sala-cofre tipo A só atende aos requisitos da norma ABNT 15247 se estiver num ambiente envolvido por paredes, piso e teto com a classificação CF 90 (cortafogo por 90 minutos) da ABNT 10636.

→ Conheça aqui os critérios dessa classificação e veja como são feitos os testes da ABNT 10636!

“Numa sala-cofre tipo A, eu estou assumindo que as paredes que estão em volta vão suportar ao teste de integridade, então eu não preciso me preocupar que uma viga ou uma parede de alvenaria caia porque ela já foi testada” – explica o engenheiro Fabrício Costa, diretor-técnico da Zeittec Data Center Solutions.

Isso significa que, em salas-cofre tipo A, a alvenaria do ambiente da instalação é importante e requer atenção especial, principalmente porque os painéis de aço utilizados na confecção do cofre não passam por um teste de impacto. Essa é a principal diferença em relação às salas-cofre tipo B, como veremos a seguir.

 

 

Sala-cofre tipo B

 

 

Além de passar nos ensaios de resistência a fogo, a sala-cofre tipo B deve ser capaz de suportar impactos.

Por isso, é submetida a um teste de resistência mecânica onde precisa tolerar o peso de uma carga de até 200Kg lançada sobre ela, provocando um impacto de 3.000 Nm (newtons metro).

Esses testes demonstram que a sala-cofre será capaz de suportar a impactos como os gerados pelo desabamento de uma laje ou a queda de pedaços de alvenaria durante um incêndio.

Como passam por essa comprovação, as salas-cofre tipo B podem ser construídas em qualquer local, sem necessitar que a alvenaria ao seu redor tenha paredes certificadas com proteção CF90, como nas salas-cofre tipo A.

“Eu não preciso me preocupar com que tipo de parede há em torno da sala-cofre tipo B porque os painéis de aço com os quais eu faço a sala-cofre em si passará pelo teste de impacto da ABNT 15247” – explica Costa.

 

Atenção ao piso

 

Porém, o piso onde a sala-cofre tipo B é instalada recebe atenção especial. Ele deve oferecer resistência a fogo, isolamento térmico e integridade durante 90 minutos.

Para isso, é feito com material certificado pela norma ABNT 5628. De acordo com essa norma, a laje sobre a qual se apoia a sala-cofre tipo B não deve estar em contato direto com o fogo.

Portanto, é recomendado ter muita atenção à resistência do piso, evitando a construção de Data Centers desse tipo em pavimentos superiores que possam ser atingidos por incêndios pelo andar de baixo.

“Imagina que eu estou instalando uma sala-cofre no 15º andar de um edifício: não adianta nada a sala resistir ao fogo se o piso sobre o qual ela está construída afundar. Por isso, é mais comum que salas-cofres tipo B sejam instaladas no térreo, porque, nesse caso, não é necessário fazer os testes de piso da norma ABNT 5628” – explica Costa.

A capacidade de se manter íntegra tanto às chamas de um incêndio quanto a situações como a queda de escombros torna a sala-cofre tipo B mais indicada para armazenar equipamentos críticos em Data Centers.

Veremos agora como são realizadas todas as etapas da certificação estabelecidas pela norma ABNT 15247 para salas-cofre A e B!

 

O teste de resistência a fogo na certificação

de salas-cofre tipo A e B

 

Como vimos, tanto as salas-cofre tipo A quanto B passam pelo teste de resistência a fogo, com algumas diferenças entre elas, que iremos explicar ao longo do texto.

Durante o teste de resistência a fogo de salas A e B, um protótipo da sala-cofre é aquecido em um forno com chamas e resfriado após 60 minutos.

A evolução da temperatura é avaliada no interior do forno, no interior do protótipo e no ambiente do laboratório.

Além disso, a umidade do protótipo da sala-cofre é medida por aparelhos específicos. Veja como tudo isso é feito, passo a passo.

 

 

PASSO 1 – Preparando o forno de testes

 

 

O forno utilizado na certificação de salas-cofre (A e B) deve ser bastante grande, já que um protótipo inteiro será acomodado em seu interior.

Esse forno precisa ter espaço suficiente para permitir que três paredes e o teto do corpo de prova sejam aquecidos sem serem atingidos diretamente pelas chamas.

Também dever possibilitar condições de aquecimento e resfriamento do protótipo, pois ambos são avaliados durante a certificação.

Para que isso seja possível, a distância entre as paredes do forno e as paredes do protótipo precisa ser de pelo menos 750 milímetros.

Por todos esses fatores, o forno de testes das salas-cofre é bem maior que o utilizado, por exemplo, na certificação de salas seguras, onde a norma ABNT 10636 exige que apenas uma amostra das paredes seja incendiada, e não uma réplica da sala inteira.

 

 

PASSO 2 – Construindo o corpo de prova da sala-cofre

 

 

De acordo com a norma ABNT 15247, os corpos de prova de sala-cofres (A e B) devem ser construídos dentro do forno de ensaio “como se estivessem sendo instalados para utilização em uma aplicação prática”.

Para que o ambiente real seja reproduzido, na testagem de salas-cofre tipo A é construída, dentro do forno, uma câmara externa de no mínimo 2,8 m de altura x 3 m de largura x 4 m de comprimento, simulando as paredes de alvenaria da edificação onde será instalado o cofre.

As paredes, piso e teto dessa câmara externa devem ser construídos com painéis pré-fabricados de concreto armado e telas de aço.

 

Célula interna

 

Dentro da câmara externa é montado o protótipo que reproduz a sala-cofre, chamado de “célula interna”.

A norma define essa célula interna como uma “construção independente e autoportante, construída internamente à célula externa, tendo a função pretendida para instalação de uma sala-cofre tipo A em uma construção que satisfaça os requisitos de paredes, tetos e pisos especificados anteriormente (resistência a fogo por 90 minutos em acordo à ABNT 10636)”.

Em outras palavras, enquanto a câmara externa representa a edificação onde a sala-cofre tipo A será instalada, a célula interna representa o cofre em si.

No entanto, nas salas-cofre tipo B não é feita a construção da câmara externa. Isso porque, como vimos, as paredes desse tipo de sala são testadas quanto à sua resistência a impactos.

Portanto, não é necessário que as paredes de alvenaria ao redor do cofre tenham resistência a fogo por 90 minutos em acordo à ABNT 10636, como nas salas tipo A. Isso elimina a necessidade de uma câmara externa que reproduza o envoltório da sala-cofre durante a certificação das salas tipo B.

É o que mostra a figura a seguir, extraída da ABNT 15247, onde vemos que a sala tipo A possui a câmara externa em torno do cofre (célula interna), enquanto a sala tipo B possui apenas o cofre.

 

Salas-cofre

 

Resumindo, a célula interna é o protótipo exato da sala-cofre, seja ela A ou B.

 

Protótipo da sala-cofre tipo A

 

As paredes, piso e teto do protótipo devem ser feitos todos do mesmo material e com a mesma espessura.

O corpo de prova precisa ser dividido em duas partes por uma coluna e viga estrutural, possuindo também um mínimo de duas juntas.

Uma sala-cofre, seja A ou B, precisa ter vedações funcionais e estanques. Também deve possuir aberturas com fechamento automático (dampers) em caso de incêndio, além de aberturas de passagem com selagem específica.

E todos esses requisitos são avaliados por meio dos testes aplicados sobre o corpo de prova.

 

Protótipo da sala-cofre tipo B

 

O corpo de prova utilizado na certificação de salas-cofre tipo B tem as mesmas dimensões mínimas de um protótipo tipo A.

O que muda é que os projetos estruturais de paredes, piso e teto podem ser diferentes para cada um desses componentes.

No entanto, individualmente, eles devem ser feitos do mesmo material, com espessura e características construtivas uniformes.

O protótipo de uma sala-cofre tipo B deve ter ao menos duas juntas, com o teto dividido por uma viga estrutural. Durante o ensaio, não pode haver alterações nessas juntas ou em estruturas auxiliares.  Do contrário, o ensaio de resistência a fogo precisa ser refeito.

 

Dimensão do protótipo em relação à sala-cofre real

 

O laboratório que realizará o ensaio da certificação deverá receber a documentação com o projeto de engenharia do corpo de prova, contando com desenhos técnicos e a especificação de espessura de parede, tipo de material de proteção, distribuição geométrica, portas, aberturas e fechaduras.

A sala-cofre que tiver o mesmo projeto do protótipo, incluindo nível de proteção e características construtivas, receberá a classificação que esse protótipo obtiver ao final dos testes.

Isso permite que indústrias de salas-cofre modulares certifiquem seu protótipo e o comercializem em série, oferecendo ao mercado cofres pré-fabricados com a certificação da ABNT 15247.

Para que os testes de certificação sejam totalmente confiáveis, a norma especifica que as diferenças de tamanho entre o produto em série (a sala-cofre real) e o protótipo ensaiado precisam respeitar limites. Assim:

  • Comprimento, largura e altura do protótipo devem ter pelo menos a metade do tamanho real da sala sala-cofre.
  • Vão luz da porta pode ter variação de +/- 15%.
  • Paredes, pisos e tetos do protótipo podem ser 3% mais finos, e isso apenas em casos especiais com autorização do órgão certificador.

Com o forno e o corpo de prova preparados, o próximo passo é a instalação dos equipamentos de medição utilizados durante os testes de certificação de salas-cofre da ABNT 15247. Confira!

 

 

PASSO 3 – Instalando os sensores de temperatura e umidade

 

 

Após a construção do corpo de prova dentro do forno, são fixados sensores do tipo termopares, que farão a medição de temperatura a cada cinco minutos durante todo o ensaio de resistência a fogo.

  • 24 sensores são colocados no corpo de prova. 17 deles são localizados no interior do protótipo e outros 7 ao redor da porta da sala-cofre.
  • 9 sensores são instalados no interior do forno, em posições pré-determinadas.
  • Todos os sensores ficam sempre a 100 milímetros de distância das paredes e do teto do corpo de prova.

Nos testes para salas-cofre A e B, o foco das medições está na média da temperatura no interior do protótipo. Por isso os sensores ficam afastados das paredes.

Para o engenheiro Fabrício Costa, essa é uma grande diferença quando comparamos certificação de salas-cofre à de salas seguras em acordo à norma ABNT 10636, onde o sensor é soldado na face da parede ensaiada.

“Na certificação de salas seguras, o que se afere é a temperatura da superfície do corpo de prova não exposta ao fogo. Não havendo um aumento médio de 140°C e se nenhum sensor acusar mais de 180°C de aumento no teste, a parede é considerada isolante. Já na sala-cofre, o que se mede é a temperatura interna da sala, e não a temperatura da superfície. Se o aumento de temperatura não for superior a 50K, durante 60mim, a sala é considerada cofre”.

 

Sensores de umidade da sala-cofre

 

Além dos termopares, são instalados sensores para medir a umidade no interior do corpo de provas, com anotações a cada 5 minutos.

Pelo menos quatro sensores de umidade precisam ser fixados em pontos específicos dentro do protótipo da sala-cofre.

A instrumentação para essa medição deve ser capaz de operar na faixa umidade relativa de 45% a 85%, suportando temperaturas de 15°C a 75°.

Esse teste é essencial porque o calor de um incêndio na edificação poderia gerar a condensação do ar e pontos de gotejamento nas paredes internas do Data Center, elevando a umidade no interior do ambiente.

A umidade relativa do ar muito alta pode danificar os equipamentos de TI e oxidar cabos dos servidores, gerando downtimes pela paralisação automática de hardwares e o comprometimento de dados.

Por isso é essencial que a sala-cofre seja comprovadamente capaz de manter a umidade do ar dentro dos limites aceitáveis para preservar equipamentos e conservar as informações em caso de um incêndio.

 

 

PASSO 4 – Preparando as condições ambientais

para o teste de fogo da sala-cofre

 

 

Os resultados da certificação da sala-cofre só poderão ser garantidos na prática se forem respeitadas as condições ideais para a realização dos testes.

Nesse sentido, a ABNT 15247 determina que, antes de o ensaio começar, o forno deve permanecer fechado, bem como o damper de ventilação e a porta do protótipo da sala-cofre.

Por um período de 6 horas antes do ensaio, a temperatura no interior do protótipo precisa ser mantida a 20°C (com variação de 5°C para mais ou para menos). E a umidade relativa do ar deve ficar entre 45% a 55%.

Imediatamente antes da ignição, a temperatura do forno deve estar em 20°C + 10°C.

Esse controle do ambiente é fundamental para a confiabilidade dos ensaios. Por isso, a certificação deve ser feita preferencialmente em laboratórios idôneos, por entidades acreditadas pelo Inmetro.

 

 

PASSO 5 – Tudo pronto? O teste pode começar!

 

 

Finalmente, o forno é acionado. Após a ignição, as chamas devem fazer a temperatura subir de modo uniforme ao longo do tempo, seguindo o padrão da ISO 834-1 demonstrado nas tabelas a seguir.

 

tabela salas-cofre

 

gráfico salas-cofre

 

As temperaturas são registradas a cada 5 minutos. O protótipo da sala-cofre deve queimar dentro do forno por 60 minutos, sem que as chamas atinjam diretamente as paredes e o teto.

Após esse tempo, o forno deve ser resfriado enquanto as temperaturas continuam a ser registradas em pontos específicos, caindo do pico de 945°C para 25°C após 16 horas. Veja a tabela.

 

tabela 2 salas cofre

 

O protótipo da sala-cofre deve permanecer dentro do forno por 12 horas após a conclusão dos testes. Durante esse período, são anotadas observações de distorções, alterações nas juntas, marcas de chamas ou o aparecimento de trincas no corpo de prova.

 

 

PASSO 6 – Avaliação dos resultados

 

 

Para o resultado do teste de resistência a fogo ser considerado positivo, não pode haver marcas físicas no corpo de prova que demonstrem perda da integridade.

Além disso, a elevação máxima da temperatura no interior da sala-cofre não deve ser superior a 50K (Kelvin), que equivalem a 50°C.

“Considerando que o teste deve iniciar com temperatura de 20 graus, o valor máximo admitido dentro da sala cofre é de 70 graus” – explica o engenheiro Fabrício Costa.

A umidade relativa máxima registrada não pode ser superior a 85%.

Esses dados são somados a uma minuciosa análise dos resultados, onde paredes, portas e vedações da sala-cofre são desmontadas, medidas e comparadas com a documentação técnica que acompanha o projeto do protótipo.

 

 

A certificação de salas-cofre tipo B

 

 

Na certificação de salas-cofre tipo B, o ensaio de resistência a fogo é realizado como nas salas tipo A. E, ao final do ensaio, o protótipo deve ter o mesmo padrão de elevação máxima na temperatura e umidade.

As medições realizadas com os sensores que aferem o corpo de prova são fixados em uma parede não exposta às chamas.

Porém, o ensaio de resistência ao fogo é interrompido aos 45 minutos para a realização do teste de resistência a impactos.

 

O teste de impacto das salas-cofre tipo B  

 

O teste de impacto é feito sobre uma parede adicional de 9m². Esse painel é confeccionado com o mesmo tipo de material e espessura das outras paredes da sala-cofre. Veja as etapas do teste de impacto:

  1. Os queimadores do forno são acesos.
  2. Por 45 minutos, a temperatura do forno sobe, até atingir aproximadamente 902°C.
  3. Nesse momento, o forno é desligado.
  4. A parede de testagem, que foi submetida a fogo junto com o corpo de prova, é posicionada no local do teste de impacto.
  5. O impacto é aplicado sobre a parede de teste, atingindo a face que foi exposta ao fogo. Para isso, um saco cheio de chumbinhos com massa total de 200kg deve cair a uma altura de 1,5m, em um movimento perpendicular, causando no corpo de provas um impacto da ordem de 3000N.m.
  6. O forno é reacendido e aquecido até atingir a temperatura de 840°C. Essa temperatura é mantida até completar os 60 minutos do teste de resistência ao fogo, que tem a mesma duração das salas-cofre tipo A.
  7. Os queimadores são deligados.

“Se, após esses testes, a sala cofre se mantiver íntegra, o aumento de temperatura em seu interior não exceder 50K e a umidade relativa máxima não ultrapassar 85%, o protótipo então pode ser certificado como sala-cofre de acordo com a NBR 15.247” – explica Fabrício Costa.

 

Enfim, o certificado de sala-cofre

 

Quando os resultados são positivos, demonstrando que a sala-cofre conseguirá manter a integridade e o isolamento térmico após a realização de todos os testes, o proprietário recebe o certificado de conformidade à norma ABNT 15247.

O certificado inclui dados como a identificação do fabricante da sala-cofre, o tipo de sala (A ou B), sua descrição e a classificação como classe de proteção R60D.

A classe RD60 significa que a sala-cofre é capaz de resistir a 60 minutos de incêndio garantindo a proteção D, ou seja, de todos os tipos de mídias e entidades de sistemas, exceto os que perdem seus dados em temperaturas abaixo de 70°C ou sob umidade abaixo de 85%.

 

 

Quem pode certificar uma sala-cofre?

 

 

Os testes são realizados por especialistas em um laboratório preparado com a infraestrutura necessária e acreditado pelo Inmetro para a certificação de salas-cofre.

“Em função de uma série de detalhes da norma, como tamanho mínimo da amostra, desvios aceitáveis de temperatura e outros, as certificações feitas por laboratórios independentes, com a simples emissão de laudo de conformidade, trazem um risco à operação do cliente” – explica o diretor técnico da Zeittec.

 

Certificações complementares

 

Vimos que as salas-cofres certificadas em acordo à ABNT 15247 oferecem proteção contra fogo, calor, umidade e, nos cofres tipo B, queda de escombros, garantindo isolamento térmico e integridade após uma hora de incêndio.

Por isso, não é raro vermos casos de incêndios destruindo edificações inteiras sem afetar os dados e equipamentos mantidos dentro de salas-cofre de empresas.

No entanto, além de proteger contra o fogo, a sala-cofre pode ser preparada para resistir a alagamentos e outros desastres naturais capazes de destruir as informações sigilosas e mais importantes de uma corporação.

Para isso, ela pode ser construída em acordo a normas como a NBR IEC 60529, cuja certificação garante proteção contra a penetração de sólidos e líquidos. Ou ter a garantia contra a penetração de água por ação de sprinklers ou jatos de água utilizados no combate a incêndios.

Significa que o alto nível de segurança das salas-cofres pode ser aumentado quando o ambiente é projetado com proteções contra situações de risco diversos, como a entrada de gases corrosivos, interferência eletromagnética, arrombamentos ou proteção balística contra a penetração de projéteis.

Cada um desses requisitos segue uma norma reguladora e, portanto, pode ser certificado com testes específicos.

 

Entre essas certificações, temos:

 

 

  • Certificação de vigas e pilares – em acordo à NBR 5628.
  • Grau de proteção do invólucro da sala-cofre contra a penetração de sólidos e líquidos – certificada pela norma NBR IEC 60529.
  • Laudo de compatibilidade eletromagnética – EN 50147 -1.
  • Proteção contra invasão e segurança física –EN 1627 e EN 1630.
  • Eficiência da blindagem do Data Center contra eletromagnetismo – certificação pela EN-10147-1:1996.
  • Proteção contra a penetração de água por ação de sprinklers – norma UL00GC P0949.
  • Proteção contra jatos de água resultantes de combate a incêndios – ASTM E 2226-15B.

A combinação de variadas certificações garantirá um altíssimo nível de confiabilidade à sala-cofre, oferecendo máxima proteção dos equipamentos e dados nela armazenados.

 

 

 

Vantagens de uma sala-cofre

 

 

 

Flexibilidade

 

A célula da sala-cofre é montada com painéis modulares e peças pré-fabricadas que se encaixam durante a instalação.

Por isso, a estrutura da sala-cofre é flexível, remodelável, desmontável, transportável e expansível, podendo ter tamanho, formato e cor conforme a necessidade de cada empresa.

Ela também pode ser planejada para estar dentro de uma sala do Data Center, em ambiente interno (indoor), ou em edificações externas (outdoor). E pode ser facilmente transportada para um novo local se a empresa mudar de endereço.

 

Instalação simplificada

 

Como as salas-cofre são modulares, costumam ser pré-fabricadas. Por isso, a sua instalação no ambiente já preparado é simples, rápida e limpa.

 

 

Escalabilidade

 

Com essas características de modularidade e flexibilidade, a sala-cofre pode ser projetada para crescer ao longo do tempo, na medida em que as cargas de TI aumentam. E isso pode ser feito sem que você perca tudo que foi investido no projeto inicial.

 

 

Proteção de equipamentos e dados

 

O ambiente hermético de uma sala-cofre é ideal para proteger os servidores mais caros, que podem custar milhares de reais, além de sistemas de hardware e dados com valor inestimável que são sensíveis a calor e umidade.

Além de proteger o conteúdo guardado em seu interior de incêndios e da queda de componentes da edificação, as salas-cofre são feitas com portas e paredes muito sólidas. Por isso, possuem estruturas de alta resistência que atuam como barreiras para arrombamentos e violações.

Consequentemente, oferecem maior proteção contra invasões físicas e roubo de dados, podendo ter ainda a certificação de proteção balística contra a penetração de projéteis e a certificação de proteção contra invasão e segurança física das normas EN 1627 e EN 1630.

Essas estruturas costumam sempre ser reforçadas pelas medidas de segurança gerais do Data Center, que incluem o monitoramento ambiental remoto, o controle de entrada por identificação digital e física, além de sistemas de detecção de incêndio e sensores de presença a laser.

 

 

Sua empresa precisa de uma sala-cofre?

 

A resposta dependerá não só do nível de segurança que você almeja, mas do seu perfil de negócios, da análise de riscos e do orçamento para investir no Data Center.

E provavelmente será sim se você processa e armazena dados muito sigilosos ou grandes quantidades de informações que precisam de servidores robustos e bastante caros.

Muitas vezes, o simples vazamento de dados, incêndios ou a violação do Data Center de uma empresa com esse perfil pode gerar enormes prejuízos financeiros e à imagem da corporação, além de processos e penalizações legais.

Imagine um tribunal, por exemplo, que mantém dados de processos de milhares de pessoas!

Também são exemplos indústrias com informações sigilosas de mercado e produtos, empresas que operam sistemas digitais que são o coração do negócio, corporações de tecnologia que dependem de dados dos consumidores e não podem perdê-los de forma alguma.

Aqui se encaixam empresas de informática e telecomunicações, bancos, concessionárias de serviços públicos, e-commerces e muitas outras.

 

Análise de risco ambiental

 

Mas não é só. Para decidir se uma sala-cofre é o melhor investimento, é preciso avaliar o nível de risco que a sua corporação possui quanto ao tipo de atividade que realiza e o local onde está instalada.

Nesse sentido, salas-cofre são extremamente recomendadas para indústrias cuja rotina gera perigo de explosões e incêndios. Ou para empresas situadas em áreas com alto risco de arrombamentos, acidentes ou catástrofes naturais.

 

Mas, fica a dúvida…

 

Uma sala segura certificada ou um Data Center tradicional com alvenaria protegida contra incêndios e impactos não seria suficiente? Preciso mesmo de uma sala-cofre?

É aqui que você precisa contar com engenheiros especializados para projetar a melhor solução. Por exemplo, salas-cofres podem ter um custo mais elevado que uma sala segura.

Isso devido às exigências da certificação da ABNT 15247, como testar um protótipo inteiro em um grande forno. Além disso, é preciso considerar que a sala-cofre tipo A precisa ser instalada em um local com paredes, teto e piso resistentes a fogo por 90 minutos, e isso pode demandar reformas civis no local da instalação.

Enquanto isso, a sala segura certificada pode ter um custo menor, mas os testes de resistência a fogo aplicados a ela são menos precisos porque levam em conta a temperatura das paredes, e não do interior do ambiente. Em contrapartida, podem resistir a até 6 horas de fogo em temperaturas até mais elevadas que as de uma sala-cofre.

Portanto, a análise da melhor solução precisa ser feita por especialistas, caso a caso.

Seja qual for a tecnologia escolhida, você poderá contar  ainda com as certificações complementares que elevarão o nível de proteção em qualquer um dos sistemas construtivos de Data Center, que você confere neste vídeo.

 

 

→ Aproveite para ver também as diferenças entre salas-cofre e salas seguras certificadas para chegar ao melhor projeto!

 

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