Salas seguras e salas-cofre são ambientes que possuem basicamente a mesma finalidade: proteger os equipamentos e dados críticos de um Data Center contra danos causados por fogo, calor, gases e impactos.
Imagine, por exemplo, que o Data Center da sua empresa fica em um edifício comercial que pega fogo no andar de cima.
Além de chamas, esse incêndio pode gerar explosões, queda de escombros, inundações vindas de canos que se rompem ou mesmo da atuação dos bombeiros.
Além de sofrer impactos mecânicos e calor excessivo, o Data Center também pode ser afetado por poeira e gases que danificam os equipamentos.
Num cenário como esse, informações valiosas podem ser perdidas e seus negócios podem ficar fora do ar, sofrendo prejuízos inestimáveis.
Para evitar situações assim, cada vez mais corporações investem Data Centers do tipo salas-cofre e salas seguras certificadas.
São ambientes que oferecem máxima proteção para equipamentos e dados em eventos de risco extremo.
Essa proteção é vital para garantir a sobrevivência de empresas que dependem da segurança de suas informações.
No entanto, existem diferenças entre salas seguras e salas-cofre, especialmente em relação aos testes de certificação desses ambientes.
Você verá nesse post quais são essas diferenças de acordo com as principais normas certificadoras.
E poderá esclarecer alguns mitos existentes em relação a esse tema, entendendo para que servem as salas seguras e salas-cofre, vantagens e desvantagens entre elas e qual é o investimento mais adequado para o perfil da sua empresa.
Confira os conteúdos no índice e boa leitura!
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O que é uma sala-cofre?
A sala-cofre é um espaço seguro contra incêndios construído com paredes corta-fogo certificadas de acordo com o padrão estabelecido pela NBR 15.247 e destinado à proteção de equipamentos críticos de TI, bem como das informações que estes processam e armazenam.
Normalmente, as salas-cofre são construídas com estruturas modulares e pré-fabricadas. São células autoportantes e independentes que podem estar dentro ou fora do ambiente principal do Data Center.
Sua estrutura é de aço, hermética e totalmente isolada, como um grande cofre ou uma sala antichamas envolvida pelas paredes da edificação.
A finalidade da sala-cofre é a mesma de um cofre para hardware: proteger conteúdos sensíveis a temperatura e umidade.
Para isso, ela precisa ser resistente a uma hora de fogo, sendo submetida a testes rigorosos que comprovam essa capacidade, como veremos a seguir.
Como é o teste de certificação de uma sala-cofre?
No Brasil, os testes de certificação da sala-cofre são padronizados pela ABNT NBR 15.247. De acordo com a norma, são feitos mediante a construção de um protótipo (o corpo de prova), que é envolvido por um forno de ensaio.
O protótipo da sala-cofre utilizado no ensaio segue proporções reais, tendo pouca variação em relação ao tamanho real do Data Center.
Esse corpo de prova deve possuir dimensões mínimas de 2,8m de altura x 3m de largura x 4 m de comprimento. E precisa ser montado dentro do próprio forno, que simula o local onde a sala-cofre será instalada. Portanto, o forno é praticamente do tamanho de uma sala!
Durante a certificação, ele é aquecido e, posteriormente, resfriado para que a estrutura seja testada em variados aspectos durante todo o processo de um incêndio.
Os testes criam os riscos que existem em uma situação real, onde a sala-cofre pode ser submetida não apenas a fogo, mas também à umidade gerada pelo calor, além de gases, poeira e impactos como os da queda de escombros. Para verificar a resistência a esses agentes nocivos:
- A temperatura dentro do forno é elevada a 960ºC, similar à média em um incêndio real, que é de 900°C.
- O protótipo é submetido a 60 minutos de fogo.
- Durante o incêndio, valores como temperatura e umidade relativa do ar são medidos em locais estabelecidos pela norma.
- Nas salas-cofre tipo B, também são feitos testes de impacto (que veremos a seguir).
Em seu resultado, o ensaio atesta se o corpo de prova é realmente cortafogo em toda a sua estrutura construtiva, incluindo o seu interior.
Ou seja, se possui isolamento térmico em pisos e paredes e se mantém sua estabilidade diante do calor, protegendo os equipamentos ao impedir que a temperatura em seu interior ultrapasse 75°C.
Tipos de sala-cofre
A NBR 15.247 estabelece dois tipos de sala-cofre: A e B.
A principal diferença entre elas é que o cofre tipo A é instalado dentro de uma sala com paredes e piso muito resistentes a fogo, enquanto o cofre tipo B é implantado em um ambiente sem essa proteção.
Por isso, a sala-cofre tipo B precisa ser construída com painéis que resistam a impactos, já que não terá uma “casca” de alvenaria com essa característica em volta para protegê-la.
Consequentemente, durante a certificação, as salas-cofre tipo B passam não só pelo teste de resistência a fogo, mas também por um teste de impacto, como veremos a seguir.
A vantagem desse sistema é que o Data Center pode ser implantado em prédios já existentes onde não é possível construir uma sala com as paredes ideais para um cofre tipo A. Ou mesmo em locais outdoor, como o pátio de empresas.
É o caso do Ministério Público do Mato Grosso do Sul, o MP-MS. A Zeittec instalou o Data Center do órgão em uma área externa do MP-MS.
O ambiente foi preparado com fundações, recebeu uma subestação de energia própria e foi cercado. Com isso, a Zeittec criou um complexo isolado para abrigar a sala-cofre tipo B, que foi certificada pela UL do Brasil em acordo à ABNT 15247.
Confira agora quais são os requisitos e os testes de certificação de salas-cofre tipo A e B!
1. Sala-cofre tipo A
Deve apresentar resistência contrafogo e ser instalada em uma área com paredes e tetos que atendam requisitos de:
- integridade
- isolamento
- capacidade de suportar as cargas do ensaio de resistência a fogo por 90 minutos.
Todas as aberturas da sala devem ser munidas de dispositivos que, em caso de incêndio, fecham automaticamente as entradas e aberturas de passagem (como os dampers).
Salas-cofre tipo A que obedecem aos requisitos da NBR 15.247 e da NBR 11.515 suportam:
- Fogo por 60 minutos
- Após esse período, não podem apresentar elevação de temperatura superior a 50°C
- A umidade relativa máxima em seu interior precisa ser de 85%
- E a temperatura interna não deve ultrapassar 75°C
Essas são as cargas máximas que a sala-cofre pode receber sem gerar riscos à integridade dos servidores, equipamentos e dados.
Para isso, as salas-cofre do tipo A só devem ser instaladas em construções cujas paredes de alvenaria, teto e piso sejam certificados para proporcionar um mínimo de resistência a fogo, pois não são ensaiadas em relação à sua capacidade de suportar impactos. Essa é a grande diferença em relação às salas-cofre tipo B. Confira!
2. Sala-cofre tipo B
Como vimos, além de oferecer proteção cortafogo, a sala-cofre tipo B deve ser resistente a choques mecânicos.
Por isso, para ser certificada, deve ser submetida aos mesmos ensaios da sala-cofre tipo A e ainda um teste extra de impacto.
Nesse teste, deve suportar um peso de 200 kg caindo sobre ela de uma altura de 1,5 metros, o que gera um impacto de 3000 Nm (Newtons-metro).
Como a sala-cofre tipo B é testada em relação à resistência contra a queda de escombros, o Data Center não precisa ser construído em um ambiente com paredes certificadas, como a sala-cofre tipo A.
Mas deve ser instalado em um local onde o piso atenda aos mesmos requisitos de integridade da sala tipo A. Do contrário, o Data Center poderia “afundar” no caso de um incêndio no andar de baixo, por exemplo.
Fizemos um post supercompleto que explica todos os detalhes sobre o nível de proteção de salas-cofre tipo A e B. Nele, você poderá conferir o passo a passo prescrito pela norma NBR 15.247 para a certificação desses ambientes. É só clicar na imagem a seguir!
SALAS-COFRE: o que são e como são certificadas em acordo à ABNT 15247?
Agora que falamos sobre os tipos de salas-cofre e o que esses ambientes precisam para ser certificados de acordo com a NBR 15.247, veremos os requisitos de uma sala segura.
O que é uma sala segura certificada?
A sala segura certificada possui a mesma finalidade da sala-cofre: proteger equipamentos e informações de danos causados por:
- fogo
- fumaça
- impactos
- poeira e outros agentes agressores comuns a uma situação de incêndio.
É um ambiente montado com paredes cortafogo certificadas de acordo com a norma NBR 10.636. Além de portas cortafogo estabelecidas pela NBR 6.479 e pilares e vigas que atendam aos requisitos da NBR 5.628.
Suas paredes são constituídas por painéis de aço revestido com proteções intumescentes, que garantem ao ambiente isolamento térmico, estabilidade e estanqueidade.
Como é feita a certificação de uma sala segura?
Como vimos, não existe uma norma única que especifique como devem ser os testes e a certificação de salas seguras, como ocorre com a NBR 15.247 das salas-cofre.
Isso porque a certificação antichamas é feita de acordo com a NBR 10.636 para paredes/painéis corta-fogo, NBR 6.479 para portas e NBR 5.628 para vigas e pilares.
Assim como nas salas-cofre, os testes de proteção contrafogo da NBR 10.636 são feitos em um forno com um corpo de prova. Esse corpo normalmente é um painel: um pedaço de parede com 2,5 m de largura x 2,5m de altura.
- O painel é submetido a fogo, impacto e teste de estanqueidade.
- Esse corpo de prova é considerado estanque se não apresentar trincas que permitam a passagem de fogo e gases.
O grau de resistência a fogo recebe uma classificação, que pode ser cortafogo ou para-chamas.
- Cortafogo (CF): vai de CF15, 30, 60, 90, 120, 180, 240 a CF360. A numeração refere-se, em minutos, ao tempo que o painel é exposto a fogo sem sofrer danos em sua estabilidade, estanqueidade e isolamento térmico. Significa que uma sala segura com certificação PC 120, por exemplo, é construída com painéis que resistem a 120 minutos de fogo. E isso a uma temperatura que se aproxima de 1029°C dentro do forno de teste!
- Para-chama(PC): refere-se à máxima temperatura a que o painel resiste sem perder a estabilidade e o isolamento térmico. A classificação varia de PC 15, 30, 60, 90, 120, 180, 240 até PC 360. A diferença em relação à anterior é que uma sala segura feita com painéis para-chamas não possuem comprovação de estanqueidade. O que isso significa?
O que são estabilidade, estanqueidade e isolamento térmico?
De acordo com a norma NBR 10.636, as definições de estabilidade, estanqueidade e isolamento térmico são as seguintes:
-
Estabilidade
Característica da parede ou divisória de manter-se íntegra, sem apresentar colapsos, trincas ou deformações quando submetida aos ensaios de exposição a chamas descritos na norma.
-
Estanqueidade
Característica da parede ou divisória de impedir a passagem de chamas e gases quentes, quando submetida ao ensaio de exposição a chamas descrito na norma. Durante a certificação pela norma NBR 10.636, essa característica da sala segura é comprovada mediante o “teste de estanqueidade”.
Ele feito com um chumaço de algodão que não pode incendiar quando posicionado perto de juntas ou trincas, comprovando a hermeticidade do ambiente contra a passagem de gases e calor.
-
Isolamento térmico
Característica da parede ou divisória de resistir à transmissão do calor, impedindo que as temperaturas na face não exposta ao fogo ultrapassem determinados limites.
No final da certificação, a temperatura média da superfície dos painéis da sala segura não pode ter um aumento superior a 140°C em relação ao início do ensaio.
Isso comprovará que o Data Center terá os requisitos necessários para impedir que o calor se espalhe rapidamente em caso de um incêndio ocorrer na edificação.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, a temperatura média de um incêndio é de 900°C, sendo que um foco pode começar quando uma parede é aquecida a 500°C.
→ Aproveite para ler nosso post completo com todos os detalhes sobre salas seguras certificadas e o passo a passo da certificação desses ambientes pela ABNT 10.636. É só clicar na figura abaixo!
O que são SALAS SEGURAS e como são feitos os testes que certificam esses ambientes?
Nível de proteção de uma sala segura certificada
Como vimos, na sala segura os painéis e portas cortafogo é que são testados e certificados. Portanto, uma empresa especializada na construção de Data Centers pode comprar painéis e portas já certificados por um fabricante e montar salas seguras com essa tecnologia para seus clientes.
Apesar de não haver um teste único que certifique todo o ambiente, uma sala feita com esse sistema pode ser praticamente tão segura quanto uma sala-cofre.
Para isso, precisa ser projetada para atender normas complementares, como NBR IEC 60. 529 e EN 1.627, 5.0147-1 e 130. Elas garantem níveis de proteção para variados requisitos que podem ser até superiores aos de uma sala-cofre.
Por exemplo, nada impede que você tenha uma sala segura na sua empresa com a certificação extra da norma NBR IEC 60.529, contra a penetração de sólidos e líquidos.
Nesse caso, seu Data Center irá além dos requisitos de uma sala-cofre, cujos testes não contemplam barreiras à entrada de água.
Portanto, esses ambientes de alta segurança são personalizáveis conforme a necessidade, podendo atingir os mais elevados graus de proteção de equipamentos e dados.
É o caso da sala segura modular do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, construído pela Zeittec em Porto Alegre – RS. O Data Center do TRF-4 possui a certificação CF90PC120, obedecendo normas definidas pela ABNT que entregam alta resistência a água, fogo e impactos.
Aparentemente, a configuração de uma sala segura como essa é a mesma de uma sala-cofre, pois ambas são construídas com paredes corta-fogo que protegem o Data Center de calor e seus efeitos colaterais. O que diferencia, então, uma sala segura de uma sala-cofre?
Diferenças entre sala seguras e salas-cofre
Já vimos que a certificação de salas seguras e salas-cofre é diferente, embora ambas sejam projetadas para proteger os dados e equipamentos do Data Center contra os efeitos do calor e impactos decorrentes de incêndios.
A grande diferença entre esses dois sistemas construtivos de Data Center é que, enquanto a sala-cofre passa por testes baseados na NBR 15.247, que certifica a segurança e a estabilidade térmica de todo o conjunto, a sala segura precisa possuir paredes resistentes a chamas feitas com materiais não propagantes certificados pela NBR 10.636, portas corta-fogo em acordo à NBR 6.479 e elementos estruturais que atendam à NBR 6.479, sendo classificada conforme o nível de estanqueidade, isolamento térmico e estabilidade.
Vejamos agora, em termos práticos, quais são as diferenças entre uma sala-cofre e uma sala segura certificada!
1. O “corpo de prova” avaliado é diferente para salas seguras e salas-cofre
NA SALA SEGURA, os ensaios da NBR 10.636 são feitos com um painel ou parede com dimensões mínimas de 2,5 x 2,5 metros, representando a tecnologia antichamas que será utilizada na construção da sala.
Por isso, o corpo de provas é confeccionado com os mesmos materiais que serão empregados no produto final, incluindo todos os seus acessórios, como portas, vedadores e batentes.
NA SALA-COFRE, o “corpo de prova” que passa pelos testes da NBR 15.247 é um protótipo do produto acabado. Montado dentro de um grande forno, esse protótipo é submetido a fogo. Além da proteção e resistência a incêndios, salas-cofre tipo B são testadas em relação a impactos.
Assim como na certificação de salas seguras, o corpo de prova da sala-cofre é confeccionado com os mesmos materiais que serão empregados no Data Center e deverá ter dimensões mínimas de 2,8 metros de altura x 3 metros de comprimento x 4 metros de largura.
2. O que é testado na certificação
NA SALA SEGURA CERTIFICADA, os testes levam em consideração as características do corpo de prova com relação à sua estabilidade, estanqueidade e Isolamento térmico.
NA SALA-COFRE, a avaliação considera o aumento da temperatura e umidade no interior da amostra, bem como a capacidade de suportar impactos, no caso de salas-cofre tipo B.
Veja neste vídeo os requisitos de resistência a incêndios que são testados durante a certificação pelas normas ABNT 10636 (salas seguras) e ABNT 15247 (salas-cofre). Ou, se preferir, leia o resumo abaixo!
Teste de temperatura
- Pela norma 10.636, a temperatura é aferida sobre a superfície da parede não exposta a chamas, com a quantidade mínima de 5 sensores. Para o resultado ser satisfatório, a média aritmética do aumento de temperatura na face não exposta ao fogo não pode ser superior a 140 graus, e em nenhum sensor o aumento de temperatura pode ser superior a 180 graus.
- Pela NBR 15.247, ao menos 24 sensores são instalados no interior da sala-cofre, sem contato direto com paredes, teto e piso do corpo de prova. Para o resultado ser satisfatório, o aumento de temperatura no interior da sala-cofre não pode ser superior a 50K (50°C).
Tempo de exposição a chamas
- Pela 10.636, a sala segura pode permanecer sob chamas por até 360 minutos, de acordo com a classe de proteção almejada.
- Pela NBR 15.247, o tempo de exposição a chamas é limitado a 60 minutos.
Teste de umidade
- Na certificação pela NBR 10.636 não é feito teste de umidade.
- Pela 15.247, a umidade da sala-cofre é aferida durante o teste, não sendo permitidos valores maiores que 85%.
Teste de impacto
- Na certificação de salas seguras pela NBR 10.636, o teste é realizado 3 minutos antes do final do ensaio de resistência a chamas. Devem ser feitos três impactos distintos no corpo de provas, que deve manter-se íntegro ao final.
- Na certificação pela 15.247, o teste da sala-cofre é feito 15 minutos antes do final do tempo de queima do protótipo, com apenas um evento. Em seguida, a sala deve queimar por mais 15 minutos, mantendo-se íntegra no final do teste.
Teste de Estanqueidade
- Pela ABNT 10.636, o corpo de prova da sala segura passa pelo teste de estanqueidade com um chumaço de algodão para avaliar a penetração de gases quentes que possam provocar sua combustão.
- Na certificação pela NBR 15.247, as salas-cofre não passam pelo teste de estanqueidade.
3. Modo de execução do ensaio de salas seguras certificadas e salas-cofre
NUMA SALA SEGURA, a certificação começa com a instalação de sensores de temperatura do tipo termopares, tanto no forno a ser usado para aquecimento do corpo de prova quanto na face da amostra não exposta ao fogo.
Dentro do forno, devem ser fixados um mínimo de 5 termopares, sendo ao menos um para cada 1,5 m² de superfície de corpo de prova. Outros 5 sensores são fixados na superfície da amostra que não é exposta ao fogo.
O forno é aquecido com base na “curva temperatura x tempo” prevista na norma.
O aquecimento deverá ocorrer pelo tempo em que se queira certificar o corpo de prova.
Tanto na face do corpo de provas não exposta ao fogo quanto no interior do forno, a temperatura a ser considerada será a média aritmética captada pelos termopares.
O teste de isolamento térmico consiste em aquecer uma das faces do corpo de provas e aferir a média da temperatura na face não exposta ao fogo.
O teste de estabilidade deverá ser avaliado 3 minutos antes do término previsto para o ensaio. Neste momento, a superfície não exposta ao fogo é submetida a três impactos distintos por meio de uma esfera de aço em movimento pendular. Essa esfera produzirá uma energia correspondente a 20 J (joules).
A estanqueidade é comprovada pelo teste do algodão, que é posicionado 20 a 30 milímetros de trincas, aberturas ou deformidades do corpo de provas por períodos de 10 a 20 segundos. Se ele incinerar, a sala segura não passa no teste de estanqueidade.
NA SALA-COFRE, deve ser construído um forno capaz de abrigar todo o corpo de provas. Dentro do forno, são inseridos sensores de temperatura posicionados de acordo as determinações da norma.
No interior do copo de provas, também são fixados termopares para aferição de temperatura, sem que estes estejam em contato direto com a superfície do corpo de provas.
O forno deve ser aquecido com base na curva temperatura X tempo prevista na norma. O aquecimento deverá por 60 minutos, atingindo 925Cº.
Em salas-cofres do tipo B, é realizado ainda o teste de estabilidade com um impacto sobre o protótipo, seguindo padrões de resfriamento do forno e reaquecimento após o choque.
O teste de isolamento término consiste em aquecer toda a sala e avaliar o aumento de temperatura interna e a máxima umidade relativa registrada.
A norma 15.247 não prevê realização de teste de estanqueidade.
4. Resultados esperados
NUMA SALA SEGURA, o corpo de provas é considerado estável se não entrar em colapso após ser submetido aos impactos de 20 joules.
A amostra será estanque se não apresentar trincas ou aberturas suficientes para permitir a passagem de gases quentes ou chamas que provoquem a inflamação do chumaço de algodão.
Para comprovar a capacidade de isolamento, no final do teste a amostra não poderá apresentar aumento de temperatura média superior a 140 graus na parede não exposta às chamas.
Além disso, nenhum dos sensores de temperatura fixados nessa mesma face poderá registrar elevação de temperatura superior a 180 graus.
NA SALA-COFRE, o corpo de provas será considerado estável caso se mantiver íntegro após submetido ao choque de um saco cheio de chumbinhos com massa total de 200 Kg, causando um impacto de 3000 Nm (newtons-metro).
Como já dissemos, na certificação da NBR 15.247 não é feito o teste de estanqueidade.
A sala-cofre será considerada isolante se, ao final do teste, não apresentar aumento de temperatura superior a 50k (50°C) e se a umidade relativa no interior do corpo de provas não ultrapassar 85%.
5. Classificação dos corpos de prova
NUMA SALA SEGURA, o corpo de provas será classificado como cortafogo (CF) se atender a todas as exigências de estabilidade, estanqueidade e isolamento térmico ou para- chamas (PC) se atender apenas as exigências de estabilidade e estanqueidade.
NA SALA-COFRE, o corpo de provas bem-sucedido nos testes será classificado como S60D Tipo A (sala-cofre tipo A), S60D Tipo B (sala-cofre tipo B) ou C60D no caso de cofre para hardware.
Nesta comparação, você deve ter percebido que a diferença principal entre essas duas tecnologias de alta segurança contra incêndios é que na certificação de salas seguras é avaliada a temperatura das paredes. Já nas salas-cofre, as paredes e o interior do protótipo passam pela medição.
Ambas, porém, podem ter níveis excelentes de confiabilidade e segurança para os equipamentos e informações armazenadas e processadas no Data Center, como veremos adiante.
Para facilitar a escolha da melhor solução para a sua empresa, resumimos a seguir quais são as vantagens e desvantagens de optar por salas-cofre e salas seguras certificadas.
Vantagens e desvantagens de salas seguras certificadas x salas-cofre
O principal benefício que salas seguras certificadas e salas-cofre trazem às empresas é o elevado nível de proteção dos ativos de TI contra calor, umidade, impactos ou outros agentes que ameaçam a segurança das informações.
Mantê-las sob sua posse e em total segurança é vital para muitas corporações. E um Data Center robusto e resiliente, como a sala-cofre ou a sala segura, oferece uma infraestrutura confiável para a continuidade de operações mesmo em caso de desastres.
Na comparação entre ambas, as salas seguras saem na frente nos quesitos custo, flexibilidade e tempo de resistência às chamas, pois durante a certificação elas podem ser testadas por até 360 minutos, enquanto as salas-cofre possuem resistência máxima de 60 minutos.
Em compensação, o controle do calor no interior do ambiente é mais preciso nas salas-cofre, já que o protótipo inteiro é incinerado durante a certificação, enquanto as salas seguras são testadas em relação às paredes, ou seja, à superfície do Data Center.
Veja os principais aspectos a considerar em relação ao custo-benefício de Data Centers do tipo salas seguras certificadas e salas-cofre!
Salas-cofre
Salas seguras certificadas
Sala segura certificada ou sala-cofre: qual escolher?
Agora que você já tem muita informação sobre salas seguras certificadas e salas-cofre, fica fácil perceber que o melhor sistema é aquele que se encaixa nas necessidades da sua corporação.
Se você precisa de maior tempo de proteção contra fogo, talvez a sala segura seja mais vantajosa. Um Data Center CF-120 (cortafogo com resistência de 120 minutos) suporta chamas por mais tempo e maiores temperaturas que uma sala-cofre. Portanto, nesse quesito, a sala segura pode ser considerada um produto mais indicado.
Outro fator a considerar é que nem todo ambiente permite a instalação de salas-cofre, ao passo que as salas seguras possuem montagem mais flexível, assim como a manutenção do Data Center em acordo com as normas.
Em compensação, a sala-cofre possui uma certificação mais precisa e robusta. Como, então, escolher?
Para descobrir o sistema construtivo ideal, você precisará ir além das normas ABNT 10.636 (salas seguras) e ABNT 15.247 (salas-cofre).
Isso porque o fator mais importante para definir qual sistema de construção de Data Center escolher pode estar nas certificações complementares.
Certificações complementares
São várias certificações baseadas em normas nacionais ou internacionais que elevam a segurança de salas seguras e salas-cofre.
Com essas proteções extras, equipamentos e informações ficam resguardados não apenas de fogo, mas de vários riscos inerentes a situações críticas. Entre eles inundações provenientes de tubulações ou ações de combate a incêndio, acesso indevido, roubo, projéteis de arma de fogo e interferências eletromagnéticas.
Nesse sentido, seu Data Center pode ser projetado e construído para ter as certificações de normas como:
- NBR 5628 – Certificação de vigas e pilares.
- NBR IEC 60529 – Grau de proteção do invólucro da Sala Segura contra a penetração de sólidos e líquidos.
- EN 50147 -1 – Laudo de compatibilidade eletromagnética.
- EN 1627 e EN 1630 – Proteção contra invasão e segurança física.
- EN-10147-1:1996 – Eficiência da blindagem do Data Center contra eletromagnetismo.
- UL00GC P0949 – Proteção contra a penetração de água por ação de sprinklers.
- ASTM E 2226-15B – Proteção contra jatos de água resultantes de combate a incêndios.
A combinação de variadas normas trará um nível de proteção excelente à Sala Segura, indo além das paredes e portas para garantir um Data Center robusto para empresas que dependem de seus dados.
Imagine que sua empresa fica num local com alto índice de alagamentos. Será melhor ter uma sala-cofre ABNT 15.247 – com proteção de 60 minutos contra fogo e umidade – ou uma sala segura IP66, com certificação da norma EN 60.529, que garante a blindagem contra jatos de água e poeira?
Em muitos casos, ter uma sala segura ABNT 10.636 com certificações extras poderá ser mais vantajoso do que uma sala-cofre padrão ABNT 15.247.
Investimento na medida certa
Outro fator importante a ser considerado na escolha é o custo de construção do Data Center.
Tanto as salas seguras certificadas quanto as salas-cofre demandam um investimento maior, se comparadas aos Data Centers tradicionais de alvenaria.
Porém, as salas seguras possuem a vantagem de ter mais fornecedores no mercado, o que torna essa solução mais acessível à maioria das empresas.
“É muito comum encontrarmos situações em que o cliente, por não ter um conhecimento técnico profundo, acaba direcionando a construção do seu Data Center para uma sala-cofre quando, na verdade, uma sala segura ou até mesmo uma solução em alvenaria convencional seria suficiente para atender suas necessidades” – explica o engenheiro Fabrício Costa, diretor-técnico da Zeittec Data Center Solutions.
Portanto, a escolha de empresas capacitadas para fazer a análise de risco e determinar a melhor solução – baseada na real necessidade do cliente – pode fazer com que valores de investimentos significativos sejam economizados.
“Na Zeittec, temos o compromisso de fornecer aos clientes as soluções mais adequadas, analisando caso a caso. Para isso, levamos em consideração toda a análise de risco. Esta engloba possibilidades de incêndio, inundações e outros fatores críticos. Só então apresentamos a melhor solução de técnica construtiva”.
→ Leia mais sobre a avaliação de riscos de Data Centers, análise que permitirá realizar o melhor investimento para o perfil da sua empresa.
E saiba mais sobre os sistemas construtivos que você pode escolher para o seu Data Center clicando no vídeo abaixo!
Quem precisa de uma sala segura certificada ou sala-cofre?
Como vimos, o grau de proteção de salas-cofre e salas seguras pode ir além das normas 15.247 e 10.636, com certificações que blindam o Data Center em diversos momentos de perigo extremo.
Por isso, ter uma sala segura ou uma sala-cofre é especialmente útil para salvaguardar Data Centers localizados em locais de risco, assim como em edifícios multidisciplinares ou comerciais. Quando o Data Center é instalado nesses locais, o controle de acesso torna-se mais difícil. E a chance de ocorrência de sinistros aumenta, o que demanda medidas especiais de proteção.
Além disso, salas seguras e salas-cofre são ambientes estratégicos para empresas e organizações que, mesmo estando em locais seguros, necessitam evitar a todo custo riscos de interrupção na continuidade dos serviços, bem como a perda ou a indisponibilidade de dados sensíveis ou sigilosos.
É o caso de órgãos públicos, empresas de telecomunicações, bancos, concessionárias de serviços essenciais como água, gás e energia, empresas de segurança patrimonial, negócios que atuam no setor de varejo e e-commerce, entre outros.
Pronto para começar? Conte com a Zeittec!
Estamos preparados para avaliar com precisão se você necessita ou não de uma sala segura certificada ou de sala-cofre, para que os seus investimentos sejam na medida certa!
Isso porque temos mais de 20 anos de experiência em projeto, construção e manutenção de Data Centers corporativos de todos os tipos e tamanhos.
Com clientes em todo o Brasil, algumas de nossas obras mais recentes são:
- Sala-Cofre do Ministério Público do Mato Grosso do Sul
- Sala segura da Autoridade Portuária de Santos, em São Paulo
- Data Center do IBGE, no Rio de Janeiro
- Data Center da Ufes em Vitória, ES
- Sala Segura da UFGD, no Mato Grosso do Sul
- Sala Segura da Sanepar em Curitiba, no Paraná
- Data Center da Celesc em Florianópolis, Santa Catarina
- Sala Segura do TRF-4 em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
- Data Center do TJ em Porto Velho, Rondônia.
Esperamos ter sido úteis.
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Obrigado pela visita e até breve!
Comentários
Elizabeth Crescenzi
Olá boa tarde. Gostaria de saber se vocês tem um ambiente de sala cofre com as especificações abaixo, em SP
O acesso a sala necessita de um de dupla custódia, com duas fechaduras diferentes.
A sala não pode ter janelas ou outros acessos senão uma única porta.
Ter um monitoramento da entrada, mas sem a visualização dos componentes. Fizemos isso com uma câmera fora da sala apontada para a porta que não “enxerga” nada quando a porta está fechada.
Essa câmera precisa ficar disponível 24×7 e os vídeos gravados. Nós utilizamos um plano simples de armazenamento na nuvem.
Deve possibilitar o direcionamento do vídeo para podermos armazenar.
Não existe um tamanho mínimo ou máximo, basta conseguir armazenar 3 cofres pequenos, pouco maiores que caixas de sapato.
Algo como 2m x 2m já atende.
Alarmes de detecção de intrusos e detecção de fumaça. Também pode ser implementado com itens de baixo custo.
Proteção anti-incêndio. Em Porto Alá agradeçoegre, nosso prédio tem sprinklers.
Mesa ou bancada simples para suporte dos cofres. São cofres pequenos, que armazenam meia dúzia de “pen-drives” e alguns envelopes com informações impressas.
Desde já agradeço.
Abraço e Sucesso!
07/03/2024Elizabeth Crescenzi
Paulo de Siqueira
Olá, Elizabeth. Já passamos a tua solicitação para o setor encarregado. Obrigado por nos contatar.
02/04/2024